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Recomeçar com leveza: minha blusa Trescao

  • Foto do escritor: Sofia Botelho
    Sofia Botelho
  • 17 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Na última sexta-feira, precisei tomar uma decisão difícil com relação ao meu último projeto de tricô. Há pouco mais de um mês, comecei a tricotar a minha blusa Trescao, da designer Anna Dervout (@along.avec.anna no instagram). Desde que a Anna disponibilizou a receita no Natal do ano passado, tenho sonhado com esse projeto. Em meados de março, comecei a tricotar a minha, utilizando o fio Mohair da Pingouin. Vocês já viram aqui no blog alguns detalhes dessa blusa no meu post sobre o meu diário têxtil.


Quando o projeto começou a ganhar corpo, percebi que ele estava ficando um pouquinho folgado. No início, não me incomodei. Quando o experimentava, sentia ele mais soltinho, o que achei bom pois não gosto de blusas muito justas. No entanto, quando terminei de tricotar o corpo e experimentei novamente comecei a me incomodar com o tamanho. Só que eu estava tão próxima de terminar a minha blusa que segui em frente. Eis que tricotei a primeira manga da blusa no último fim de semana. Ao experimentá-la mais uma vez, não tive como fugir da realidade: estava muito folgada. Chegou a hora da verdade que todas as tricoteiras temem: devo terminar a blusa e usá-la folgada mesmo, ou desmanchá-la e recomeçar?


Fiquei algum tempo temerosa, refletindo. No início, estava inclinada a finalizar a minha blusa. Quando comecei a fazer crochê, eu passei por um processo bem complicado com o meu perfeccionismo. Ficava estagnada em um mesmo ponto nos projetos pois nunca achava que estavam bons o suficiente. Com o tempo, fui aprendendo a me desprender desse perfeccionismo e a apreciar o meu processo de aprendizado e desenvolvimento. Finalizava os projetos e cada vez alcançava um resultado melhor. Foi muito bom para mim aprender a lidar com o meu perfeccionismo. Por isso, quando me deparei com a difícil decisão da minha blusa Trescao, pensei em finalizá-la assim mesmo e depois fazer um segundo modelo em outra cor, ajustando o tamanho (tenho novelos verde menta que já estão separados para isso!).

Entretanto, resolvi fazer um balanço - se eu finalizar a blusa, vou usá-la ou ficarei para sempre incomodada? Será que ela vai ficar abandonada na minha gaveta, sem nunca ser usada? Percebi que a resposta para essas perguntas seria afirmativa. Assim, concluí que nesse caso recomeçar seria a melhor opção. Decisão tomada, hora de desfazer a minha blusa. Algumas pessoas podem pensar que eu devo ter ficado bem triste ao desfazer um trabalho de tanto tempo. Na realidade, fiquei aliviada e leve com a decisão. Meu primeiro trabalho não foi em vão: enquanto tecia essa primeira versão da blusa, aprendi toda a sua modelagem e várias técnicas que ainda não havia experimentado no tricô. Penso que o saldo foi muito positivo e que agora posso recomeçar mais segura do processo e com um resultado mais bonito! Mas não vou mentir: é claro que senti uma leve dorzinha no coração ao ver a blusa voltar ao estágio de novelos.


Mas Sofia, vocês devem estar pensado, por que sua blusa ficou folgada? Aí é que eu fico mesmo envergonhada. Sempre comentei lá no meu instagram sobre a importância de fazer amostras. Eu sempre faço e inclusive não as desmancho: guardo todas em uma caixinha para consultas futuras. Mas entretanto todavia, no caso da blusa Trescao, eu estava tão empolgada para começar o projeto que fiz a minha amostra com pressa. Só tricotei cerca de cinco carreiras e pensei: pronto, já posso começar! Ledo engano. Pouco mais de um mês depois, eis que me vejo desfazendo a blusa e renovelando meu fio. Moral da história: levem a sério as suas amostras! Façam as amostras de 10x10cm sem pressa, que vida de vocês ficará mais fácil, hehe!

Ontem recomecei a minha blusa. Fiz primeiro a amostra toda linda que já vai para o meu diário têxtil. Percebi com a amostra pronta que deveria ter utilizado uma agulha menor. Agora, sem pressa e com segurança, recomecei a minha blusa Trescao. Como já fiz uma vez, estou fluindo bem mais no tricô. Minhas mãos já percorreram esse caminho. O percurso é conhecido e posso apreciar a paisagem, com calma. Quando alcançar o ponto de chegada, mostro para vocês o resultado.



Com carinho,


Sofia

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©2020 por Ateliê Ítaca.

Todas as fotos e textos publicados são produzidos por Sofia Botelho, do Ateliê Ítaca, exceto quando sinalizado.

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